Atenção: a primeira parte dessa trilogia já foi postada. Caso você não tenha a visto, basta clicar aqui.
Dando continuidade à nossa trilogia de Erros Gramaticais, segue o novo top5 de Dicas da Língua Portuguesa:
05. A palavra “mesmo/a” como substituição de pronome
É muito comum eu ler ou ouvir a expressão “O presidente está trabalhando muito. O mesmo nem dorme. Tudo para fazer o país crescer.”
Contudo, a palavra “mesmo/a” é um adjetivo, não podendo, portanto, substituir um pronome, como é o caso da sentença a cima. Naquele caso, deveríamos substituir “o mesmo” por “ele”.
04. Os quatro “pq” da Língua Portuguesa
Diferente da Língua Inglesa que possui formas diferentes de “porquês”, a Língua Portuguesa conta com quatro expressões que não apenas são semelhantes nos sonidos, mas também na escrita. São eles: “Por que”, “Porque”, “Por quê” e “Porquê”.
Eu confesso que, quando comecei a escrever contos, eu sempre recorria ao Professor Pasquale e sua explicação. Mas hoje, depois de tanta prática, sinto que já internalizei a distinção entre eles.
A primeira coisa que devemos saber é que os “pq” separado se referem a perguntas, ainda que seus usos sejam diferentes.
Por que é utilizado no início para perguntas, enquanto por quê é utilizado no final. Por exemplo:
“— Por que o senhor usa óculos escuros mesmo de noite? — indagou o garoto, que já não podia ignorar o objeto que se destacava na pele branca do avô.” (Capital – Adsumus)
“— Tendi… Mas por quê?” (Perdidos – Adsumus)
Já porque é utilizado como explicação, geralmente na resposta:
“Eles não vão nos matar. Não porque não podem, mas porque não deixaremos.” (Adsumus – Adsumus)
E, finalmente, porquê é um substantivo, e pode ser substituído por “o motivo”:
A falta de identificação em livros que li desde criança é o porquê de a maioria dos meus personagens serem representantes de alguma minoria brasileira.
Uma dica que aprendi para facilitar a distinção das expressões é substituir os “pq” por suas traduções em inglês. Seguem então as analogias:
Por que – Why
Porque – Because
Por quê – Why
Porquê – The reason
03. Os verbos “lembrar” e “esquecer”
Tanto o verbo “lembrar” como o verbo “esquecer” seguem a mesma estrutura. Quando utilizado pronomes oblíquos (me, se, os, nos) acrescentamos a preposição de/da/do. Exemplos:
“Mas então se lembrou das queixas de assédio que vinha sofrendo e optou por não arriscar a única aliada naquela batalha.” (Passagem – Adsumus)
Agora, quando não utilizado o pronome oblíquo, também não aderimos às preposições supracitadas.
“É ele ou eu, ele lembrou, percebendo o suor sendo expelido de sua mão e se conectando à arma que portava.” (Perdidos – Adsumus)
Seguem então exemplos, desta vez com “esquecer”:
“Não se esqueça de comprar a minha coletânea Adsumus.”
“Esqueça a autora, mas não se esqueça do clássico Harry Potter.”
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=2Xwwss7v24Y
02. A preposição “através”
Por muito tempo acreditamos que essa preposição era um coringa que poderia ser utilizada em qualquer situação. Entretanto, como o nome sugere, a preposição “através” é limitada a ideia de atravessar.
Assim, a sentença “Logo depois, sentiu seu marido se juntar ao seu corpo através da abertura cirúrgica feita no ápice de suas pernas.” (Adsumus – Adsumus) está gramaticalmente correta, enquanto “Através de violência, os fascistas fizeram seus protestos” está incorreta.
No último caso, seria preferível substituir a preposição “através” por “por meio de” ou “por intermédio”.
01. Se não x senão
A primeira expressão é utilizada em uma situação de condição. Exemplo:
“Se não tivesse problemas no Brasil, eu não escreveria.”
Entendemos, por meio da sentença a cima, que, por ter problemas no país, eu escrevo. Logo, se não os houvesse, eu não teria ofício.
Já senão pode ser substituído por “exceto” ou “com exceção”, como veremos a seguir:
“Como estava de carona, Vitor sentiu que não havia escolha senão balançar sua cabeça para baixo e para cima.” (Crush – Adsumus)
Isso é tudo para hoje. Vejo vocês daqui a uma quinzena :D.