Hello, Hello, Hello! Tudo bem?
Descobri há alguns dias que essa é a fala que meus alunos e alunas esperam de mim toda vez que me veem. Por essa informação, você já sabe que sou professor, mas espero que com essa seção, você descubra mais do que a minha profissão.
Nasci no dia 22 de julho de 1997 no centro do Rio de Janeiro, e sou a personificação do canceriano (ainda que, de signos, eu só saiba do meu – culpa do meu ascendente em leão): dramático, amigável e que se identifica demasiadamente com o thank u, next, da Ariana Grande, mas isso é assunto para um próximo post.
Com oito anos me mudei para o estado do Espírito Santo, onde morei com meus tios e primos por cerca de um ano, já que meus pais não poderiam abandonar de imediato casa e trabalho no Rio. Depois disso, minha mãe e irmão se juntaram a mim. Já meu pai se juntou a nós apenas seis meses mais tarde.
A mudança de estado teve consequências muito significativas e positivas para a minha vida e de meus familiares. Minha mãe, convencida por sua patroa, me inscreveu em um curso de inglês; meu pai passou a conciliar dois trabalhos: cobrador e pedreiro; e minha família começou a frequentar uma igreja.
Os seis anos de inglês acabaram junto com o ensino médio. 2014 foi o ano mais impactante de toda a minha vida. Logo no início contei aos meus pais a “fase” da minha sexualidade que até hoje está em fase, e em forte consistência, diga-se de passagem. Também não me interessava em seguir o ritual de 75% dos meus amigos de terceiro ano, pelo contrário: Eu estava fugindo do pré-vestibular e dos estudos reforçados para o ENEM. Queria mesmo era viver da arte – ator, escritor, dançarino – qualquer coisa que não fosse finalizado em um diploma.
Felizmente, a escola em que estudei abraçava de forma muito intensa a arte. Eu já havia atuado, dançado e escrito diversas peças, e minha paixão em busca por uma ocupação que envolvesse essa área apenas aumentava quando recebia elogios de amigos e professores que eu admirava. Então fui em busca de aulas de teatro, e comecei a fazê-las.
Até que, no segundo semestre daquele ano, no curso de inglês, como uma verdadeira epifania, eu comecei a imaginar como eu me daria como universitário da Federal do estado. Eu havia visitado a UFES no começo daquele ano porque era o único espaço para recarregar meu passe escolar e ficara mesmerizado pela grandeza e pelas pessoas que ocupavam aquele espaço. Poderia eu pertencer àquele lugar tão lindo, com uma áurea tão única?
Fui procurar saber. Posso não ter estudado o ano inteiro como meus amigos, mas, faltando dois meses para o Exame Nacional do Ensino Médio, eu passei a cumprir as matérias escolares de manhã, o curso de teatro às tardes e o pré-vestibular à noite. Isso quando o meu pai não pedia a minha ajuda para suas obras. Mas e o curso de inglês, Douglas? Felizmente era aos sábados pela manhã, então pude conciliar da forma que foi possível naquela época.
Então, no ano seguinte iniciei meu curso de Letras Inglês na Universidade Federal do Espírito Santo. O currículo, os professores, os amigos e pessoas em geral com as quais convivi realmente foram uma surpresa muito grata na minha vida. Felizmente me ensinaram muito mais do que conceitos técnicos e teóricos de língua e literatura. Influenciaram profundamente o meu caráter pessoal e profissional. Foi em um projeto de extensão que participei, por exemplo, que dei minha primeira aula. Outro projeto de extensão me ensinou tópicos e características que até hoje me fazem refletir como educador. Foi também na Ufes que eu tive aulas técnicas super formais de literatura. Mas, ao contrário do que muita gente pensa, as matérias iniciais de literatura não me impulsionaram tanto assim a me tornar um escritor. Verdade seja dita: eu perdi o hábito de leitura assim que meus pais pararam de me dar livros – isso já no ensino fundamental I. Inclusive, me lembro de ter dito, já na universidade, que a literatura não tinha propósito. Que Deus me perdoe por essa blasfêmia!
O que então me fez enxergar uma área que hoje eu amo tanto? Bem, a maturidade ajudou bastante. Comecei a me portar como um universitário ou qualquer pessoa que vê a carreira com seriedade: passei a prestar atenção em todas as aulas e a ler os textos previamente. Em meio a tudo isso, o mais importante: resgatei o meu amor pela arte.
Quis ajudar um amigo que escreve e canta canções muito bem, mas meu lado marqueteiro já falava juntamente com o de artista. Eu sabia que o talento do meu amigo não seria suficiente em um mundo onde nós competimos com a Internet. Criei, então, um conto que serviria de base para a história de quatro canções e videoclipes. Esse conto se chama “Espectro”, e, apesar de eu ter gostado da experiência de dar luz a uma estória, a intenção era trabalhar apenas aquela estória. Até que, como presente de aniversário para minha melhor amiga, eu resolvi criar uma personagem que tivesse o nome dela. O que rolou depois disso foi um conto atrás do outro. Percebi que tinha uma vontade muito grande de me expressar por meio dos meus rabiscos. Mas percebi também que me faltava técnica, e isso se devia ao hábito de leitura que eu havia abandonado há tanto tempo.
Então passei a ler diversos livros, frequentar clubes de leitura e estudar escrita criativa, pois a arte, assim como qualquer área da vida, merece respeito e estudo.
Conciliando a faculdade, minhas aulas de inglês como professor e outras dezenas de tarefas, comecei a criar personagens a partir da ótica de um fenômeno que tanto estava sendo falado em 2018: representatividade. Contudo, apesar de conhecer o termo e como funcionava de forma geral, na prática eu não tinha teoria acerca do tema. Então decidi juntar meu desejo de me tornar escritor de ficção com a minha carreira de professor: Fiz um TCC sobre “Representatividade Racial e O Ensino de Língua Inglesa como Língua Adicional”.
Dando consistência à teoria, pus em prática a representatividade nos meus textos. É por isso que, independente do universo, você sempre vai acompanhar, nas minhas estórias, uma mulher, um LGBTQIA+, um negro, um gordo e qualquer outra pessoa cuja voz é abafada em nossa sociedade.
Dessa forma, minha meta de vida, no momento em que escrevo esse texto, é continuar estudando a relação entre literatura e educação e a escrita criativa para compor meus textos, além de fazer com que os temas abordados e personagens presentes nas minhas estórias cheguem a quem precisa mudar ou estabilizar sua visão de mundo, assim como a arte em geral mudou e estabilizou a minha, quando necessário.
Conto com você para realizar esse sonho!
Uma coletânea de dez contos distintos entre si mas com a mesma preocupação: uma obra de representatividade desde seus personagens até a equipe responsável por dar vida ao projeto.
Embora inspirado nas reviravoltas e no drama da série britânica Black Mirror, a ambientação regional e os personagens relacionáveis provam que o Brasil e sua cultura são presenças obrigatórias no meu repertório.