Seguindo o papel importante que filmes causaram na minha vida pessoal e artística, outra arte visual que me influenciou demasiadamente a me tornar artista é o de séries.
Por diversos motivos que serão listados abaixo, segue o meu top10 de séries prediletas:
10. Revenge
(globoplay.globo.com)
Revenge é uma série norte-americana que conta a estória de Amanda Clarke em busca de vingança pela condenação injusta de seu pai, David Clarke, ocorrida quando ela ainda era uma criança. Para atingir seu objetivo, quando já adulta, ela volta aos Hamptons, Nova York e adota o nome de Emily Thorne.
Com um roteiro visivelmente planejado, a trama é autêntica, coerente e um tanto instigante, contando, a cada início de episódio, com cenas de tirar o fôlego que nos instigam e nos fazem assistir, aflitos, ao resto do show.
9. Felizes para Sempre
(adorocinema.com)
A Globo acerta muuuuuito em suas produções de série. Prova disso é Felizes para Sempre, uma série de 2015 que se desenvolve sob temas como relacionamento, matrimônio e traição.
Paolla Oliveira, Maria Fernanda Cândido, Enrique Díaz, Adriana Esteves, João Miguel e outros atores dão um show de interpretação e a edição sabe mexer muito bem com a leitura que fazemos da série, com trilha sonora e fotografia no ponto certo.
8. Euphoria
(adorocinema.com)
Esta série foi uma surpresa muito grata na minha vida. Não lembro exatamente o que me levou a dar uma chance à série (tédio, talvez?), mas eu com certeza lembro as razões que me fizeram maratonar, em três dias, os oito episódios da primeira temporada.
Focando nos dilemas de uma personagem diferente a cada episódio, a série traz um molde não convencional e um tanto polêmico, tendo em vista que seus protagonistas são adolescentes com dramas complexos, tais como, baixa auto-estima, sexualidade, vício em drogas e muito mais.
Diante de temas tão pesados, era de se esperar que a série decepcionasse com o tratamento que desse a tais assuntos, mas, ainda que fosse uma série de adolescentes, era um projeto para adultos. Isso possibilitou a série a tratar, com seriedade, cada um dos temas que propôs.
Outrossim, a trilha-sonora e edição ajudam a compor a trama com tantos jovens talentos interpretando adolescentes autênticos e de representatividades devidamente amarradas.
7. Justiça
(gshow.globo.com)
Contribuindo para o currículo da Globo de produções sem defeitos, Justiça foi escrita pela incrível Manuela Dias e lançada em 2016.
Com um elenco de peso, a série possui quatro protagonistas, sendo que, a cada episódio, uma narrativa é contada. Acompanhamos então o personagem de Jesuíta Barbosa ser preso por assassinar a namorada; com uma estória parecida, o personagem de Cauã Reymond comete eutanásia para acabar com o sofrimento da esposa(?). Já as personagens de Adriana Esteves e Jéssica Ellen não nos parecem tão culpadas assim. Ligadas pelo mesmo policial responsável por levá-las à cadeia, ambas, em instâncias diferentes, são consideradas culpadas por uma determinada quantidade de drogas.
Como acompanhamos o antes, durante e depois dos personagens de suas experiências como presos, acabamos nos conectando com outros personagens também, que são tão complexos e carismáticos quanto os protagonistas.
E, se passando em Recife, a série nos presenteia com os diferentes pontos e versões dos “antagonistas” da trama, conectando todos os núcleos possíveis, tornando-se assim uma obra muito coesa e coerente com todos os seus fios.
É claro que diversos artistas em diferentes campos já fizeram isso antes – Machado de Assis, Quentin Tarantino e Marvel são apenas alguns dos milhares de artistas que conectam suas obras. Mas a forma de como Manuela Dias manteve – do início ao fim – essa coerência e coesão é um diferencial que me marcou muito como telespectador.
Por fim, eu gostaria de dizer que nunca mais ouvi “Hallelujah” da mesma forma: depois de assistir à série, passei a relacionar a canção aos dramas profundos e muito tocantes da obra.
6. The Leftovers
(adorocinema.com)
Provando que nem só de Emmy se vive uma série, The Leftovers é uma obra prima.
Dos mesmos responsáveis pelo já clássico Lost, The Leftovers é apontado por muitos como a tentativa de Damon Lindelof de se retratar com o público depois do final polêmico da série de 2004.
The Leftovers, por sua vez, nos mostra as consequências que uma cidade americana sofreu após um acidente inexplicável, onde 2% da população mundial desapareceu. Como o título sugere, a obra foca nos que foram deixados para trás, mas isso não impede de nós ou os próprios personagens de levantarmos diversas teorias.
Mas, apesar do mistério super envolvente, essa série me ganhou devido aos seus personagens nada previsíveis.
Eu fico bobo ao pensar no quão bem os personagens são construídos pelos roteiristas e atores, porém com camadas e intensidades que nos surpreendem demasiadamente.
Confesso que a primeira temporada me deixou um tanto agoniado e nervoso com as ações nada convencionais dos personagens, mas, para além de reviravoltas muito bem boladas, a obra também se sustenta com pontas muito bem amarradas.
5. Big Little Lies
(adorocinema.com)
Eu confesso que, ao ver o pôster da primeira temporada, as minhas expectativas apontavam para um grupo de mulheres ricas e fúteis. Mas, estrelada por nomes como Nicole Kidman, Reese Witherspoon, Laura Dern e até Meryl Streep na segunda temporada, essa série surpreende demasiadamente.
Baseada no romance homônimo da australiana Liane Moriarty (que trabalha como roteirista da produção visual), a estória se concentra em mães que se relacionam por causa dos filhos de cinco anos que estudam juntos.
Intercalando cenas de depoimento e investigação em um caso de assassinato misterioso, tudo começa quando a Amabella, filha de Renata Klein (Laura Dern) é mordida na escola. A própria criança aponta para Ziggy, filho de Jane Chapman (Shailene Woodley), como seu agressor. Madeline Mackenzie (Reese Witherspoon), que já possuía algumas farpas contra Renata, é inclinada em favor de Jane. Porém, para muito além de hostilidades entre mulheres, a série se sustenta muito bem em temas profundos como matrimônio, violência doméstica e sexual, e, claro, maternidade.
As personagens vocês já sabem, pela minha lista de favoritas, que são muito fortes. E todo o elenco eleva ainda mais a carga dramática necessária para a trama.
E, como se não bastasse toda essa lista de qualidades, a série conta com a melhor trilha sonora de todos os tempos, na minha experiência como telespectador de séries, claro. Desde uma abertura muito bem aplicada, uma das melhores reviravoltas de todos os tempos tem como fundo um tema muito bem ritmado e balanceado.
4. Black Mirror
(adorocinema.com)
Não é segredo para ninguém que a série inglesa Black Mirror(2011—) é minha maior inspiração até hoje para os contos que crio.
Com um tom muito sombrio para questões muito atuais, a série traz, a cada novo episódio, uma estória diferente. Todos, porém, nos fazem questionar muito sobre o uso da tecnologia, ainda que possamos questionar muito mais sobre nosso papel e identidade como seres humanos.
É difícil escolher o meu episódio favorito, uma vez que a qualidade de todos me parecem muito altas.
3. Lost
(flaviagasi.blogosfera.uol.com.br)
Talvez a maior curiosidade da minha vida seja o fato de eu não achar o final de Lost ruim. Eu confesso que maratonar a série sem parar em algum período de recesso entre dezembro e janeiro possa ter me dissuadido a buscar as tantas pontas soltas que os fãs apontam, mas há um motivo muito maior para essa série ocupar o terceiro lugar desta lista.
Para quem não sabe, a série mostra vários personagens que sobreviveram a um acidente aéreo. Com o passar das temporadas, conhecemos mais de perto a vida de cada um daqueles sobreviventes.
Muito antes de obras como Pantera Negra, Mulher Maravilha e vários outras cravarem de vez o tema “representatividade”, Lost se consagrou como uma das primeiras séries a dar espaço para etnias e cores não brancas ou norte-americanas.
Eu entendo que prometer mistérios um tanto bizarros pode ter sido o grande erro da série, mas a sensação que eu tive ao chegar no final foi algo inexplicável. Enquanto os outros fãs provavelmente queriam matar os autores, eu estava enfeitiçado naquela edição emocionante. Eles haviam se tornado parte da minha vida. Haviam se tornado família.
Eu tenho até medo de assistir a série novamente e começar a ver os defeitos que o povo tanto acusa.
2. The Handmaid’s Tale
(pt.wikipedia.org)
Tanto o primeiro quanto o segundo lugar dessa lista me trazem uma sensação que eu tanto aprecio: o vislumbre de ter um ataque cardíaco a cada segundo.
Elas me trazem a sensação de estar vivo. Mas a sensação de poder lutar só The Handmaid’s Tale tem.
Sob a perspectiva de uma aia chamada June, a série é baseada no livro homônimo de Margaret Atwood. Neste universo, os Estados Unidos sofrem um golpe de estado para a igreja tomar o poder pleno e autoritário do país. Como uma das características nessa nova sociedade está as leis baseadas no Velho Testamento. Mulheres são proibidas de ler, por exemplo. E, pior que isso, algumas são tomadas como aias, que servem para serem estupradas e posteriormente procriarem.
Embora conte com cenas agonizantes, a série abre nossos olhos para lutar politicamente pelo aquilo que acreditamos, antes que nos tirem esse direito de protestar.
1. Game of Thrones
(adorocinema.com)
Incrível como George R. R. Martin não está apenas no meu top3 de livros e personagens favoritos, mas também no topo desta lista.
Embora eu adore a série do começo ao fim, as razões para ela figurar o topo da lista vão muito além de suas qualidades técnicas.
Acontece que a série era uma febre em 2015 – quando foi indicada por 75% dos meus colegas de faculdade. Desde aquele ano nós passamos a criar um laço muito forte com almoços no Restaurante Universitário todos fundamentos com o tema “Game of Thrones”. Nós bolávamos teorias malucas. Discutíamos as diferenças entre livros e série. Brigávamos quando eles não aceitavam que a Daenerys Targaryen era a melhor personagem de todos os tempos. E engana-se quem pensa que paramos de discutir a série a partir de 2018 – nosso último ano de faculdade. Levamos as discussões para o whatsapp e fora dele. Eu nunca vou me esquecer das vezes em que estive em Domingos Martins ou Vitória só para assistir episódios reunido com esse povo.
Então, apesar da qualidade ter caído em determinado ponto, a conexão que a série possibilitou criar entre mim e os meus amigos é algo muito mais profundo e difícil de se fazer do que o conjunto de uma bela fotografia, uma boa trilha-sonora e um elenco de peso. Mas Game of Thrones nos provou que isso é possível.
Como eu já venho salientando a cada nova oportunidade, eu sou apaixonado por reviravoltas, personagens fortes e uma trilha sonora bem pontuada. Acredito que todas as séries listadas aqui possuem, como ponto forte, um desses tópicos.