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Perdoe-me pela previsibilidade, mas, se tratando de um escritor que deseja compartilhar seus gostos na arte em geral, eu não poderia estrear esta coluna senão com os meus livros prediletos de todos os tempos. Considerando que tenho apenas 23 anos, “todos os tempos” não é tanto tempo assim. Apesar de o primeiro da lista não demonstrar fraqueza em seu trono, o terceiro lugar foi o último livro que eu li ano passado, dois dias antes do Ano Novo. Portanto, esta lista é super dinâmica. Embora eu não tenha o costume de, assim como muitos amigos, trocar o status de “livro favorito” a cada narrativa que conheço, eu sinto meus horizontes se expandirem a cada estória que cai sob meus olhos, e o décimo lugar dessa lista exemplifica bem isso:

10. O Cortiço, por Aluísio Azevedo

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Antes de conhecer e me apaixonar por essa obra, esse décimo lugar seguramente seria de “Morte Súbita” de J.K. Rowling. E, por incrível que pareça, eu consegui notar uma determinada similaridade com o texto de Rowling com o de Azevedo, que serão reveladas daqui a pouco.

Quem acompanha minhas leituras sabe que eu sempre corri de clássicos. Talvez as demandas das escolas pelas quais passei tenham influenciado um pouco o meu já enterrado esgar por clássicos.

Dom Casmurro e The Great Gatsby são alguns exemplos que consigo me lembrar agora de clássicos que eu abandonei quando se tornaram obrigatórios na escola e faculdade. Felizmente, esse ano eu me desafiei a ler vários clássicos. E graças ao @lendoclassicosbrasileiros e minha amiga Suzana, li Dom Casmurro e Memórias Póstumas de Brás Cubas e amei ambos, ainda que eu tenha gostado mais de um do que de outro, mas isso é tópico para próximo post. Neste, eu gostaria de explicar o meu amor pela obra de Aluísio Azevedo.

O Cortiço teve sua primeira publicação em 1890 e, como o nome sugere, traz personagens que são envolvidos por um cortiço. Na minha interpretação, o protagonista é a própria ambientação, mas Aluísio também desenvolveu personagens reais, ainda que isso tenha confundido muito a minha cabeça no início da leitura.

Essa é a principal similaridade que relacionei com a obra de J.K. Rowling: dezenas de personagens para um romance ainda mais curto que o de Rowling. Eu lutei mentalmente para acompanhar a trama no início devido ao número de personagens, mas devo reconhecer o mérito que Azevedo teve ao criar personagens tão reais, ainda que possamos defini-los com um limite de adjetivos. Rita Baiana é festeira e à frente de seu tempo; Bertoleza é extremamente explorada e servil ao João Romão; E esse último… Esse último é um dos melhores vilões que eu já conheci. A cada nova linha é uma nova raiva por ele manter essa imagem gananciosa e impiedosa tão bem.

Mas, além de personagens reais, o que me fez amar o livro foram as ações que me entreteram extremamente ao longo dos capítulos. Cada briga, cada festa, cada acontecimento de tirar o fôlego… E o melhor de tudo isso é que Azevedo parecia, pelo menos para mim, saber o porquê de cada ação acontecer de determinada forma, desenhando simbolismos e analogias que dão suporte aos meus argumentos de que, sim, o cortiço da estória é o próprio Brasil.

E sim, há problemas narrativos que me incomodam na obra, mas isso fica para um próximo post.

Recomendo a obra para todos aqueles que querem se aventurar pelos clássicos nacionais e ainda não sabem bem por onde começar.

09. A Esperança – Saga Jogos Vorazes, por Suzanne Collins

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No momento em que escrevo esse post, ainda não finalizei a leitura de “A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes”, o último livro de Suzanne Collins que também é a mais recente narrativa adicionada ao universo de Jogos Vorazes, mas algo me diz que essa lista terá de ser mudada assim que eu acabar de ler essa nova estória, hahaha.

Essa saga é a minha favorita quando se fala de literatura. Apesar de eu achar o clima no primeiro ato um tanto lenta se comparada com os dois primeiros livros (eu li os três numa sequência voraz no primeiro semestre do ano passado), a partir da cena do tiro eu devorei o livro. Mas ainda não foi esse o motivo para ele se tornar o meu nono livro favorito.

Eu me lembro de estar finalizando esse livro e me arrependendo amargamente de ter feito isso no ônibus num trajeto para casa. Eu me emocionei nas páginas finais. Um monólogo final e uma sequência voraz de acompanhar a sua saga favorita. Pronto. Tá feita a emoção que você queria que eu sentisse, Suzanne Collins. O problema é que eu estava no ônibus. Queria gritar, queria socar o Presidente Snow e a Presidente Coin na parede. Queria abraçar a Katniss e o Peeta. Mas eu estava num transporte público e essa era a minha restrição na época. As pessoas provavelmente me achariam um louco e não acreditariam em mim se eu dissesse que estava chorando por uma obra literária. Mal sabem eles da preciosidade que é essa saga sem nenhum defeito.

Pronto. Economizei um terço da sessão de terapia hahaha.

Brincadeiras à parte, recomendo a obra a todos aqueles que gostam de uma ficção que envolve guerra. Mesmo antes de ler os agradecimentos de Collins, é visível que ela é uma autora de extensa bagagem em História, mesclando seu conhecimento com acontecimentos literários que te deixam de boca aberta.

08. Garota Exemplar, por Gillian Flynn

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A experiência de assistir primeiro ao filme para depois partir para o livro não afetou de forma alguma o gosto que eu iria desenvolver gradualmente por essa estória.

A autora, além de me prender com os plot twists que eu tanto amo em uma estória, também me ganhou com a escrita poética que ela tem.

Não sei nada de psicopatas, mas me arrisco a dizer que o casal protagonista é bem profundo também, com facetas e background bem coerentes e dinâmicos para suas vidas. Além disso, Flynn deu nome a um arquétipo que há muito tempo vem sendo trabalhado, mas que só com a obra conseguiu um nome: a Cool Girl, ou “Garota Legal”, em português. É com toda essa genialidade que Flynn deu vida a uma obra com temas como casamento, família, papel de gênero e vários outros trabalhados de forma profunda e genuína.

Sei que cai bem mal eu dizer isso, mas eu me identifiquei bastante com a Amy Elliot hahahaha. Culpem o meu signo por isso.

Recomendo a obra para todos aqueles que gostam de reviravoltas que te deixam de cabelo em pé.

07. Harry Potter E Seus Fãs – A Verdadeira História de Um Menino-Bruxo, Seus Leitores e os Detalhes da Vida, por Melissa Anelli

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Sim, eu sei que o título poderia facilmente ser um parágrafo na própria obra, mas assim como o nome, a obra também é bem completa, com trechos que me fizeram reviver uma magia que só a saga Harry Potter consegue fazer comigo.

Não é novidade para ninguém de que Harry Potter é a minha saga cinematográfica favorita. Assim como muita gente, eu conheci a série com seis ou sete anos.

Me lembro do SBT alternar seus domingos com A Pedra Filosofal ou A Câmara Secreta. E em todos eles me lembro de estar acompanhado com meu pai, que, assim como eu, também estava curioso e tinha uma afeição enorme pelo bruxinho de Hogwarts.

Ler esse livro de relatos e lembranças de uma fã para fãs aqueceu o meu coração, e me fez questionar onde eu estava em cada período narrado por ela. Acontece que a localização não era tão importante assim. A identificação e empatia que senti pela autora sim foram capazes de me fazer lembrar de uma saga que impactou e mudou tanto a minha vida.

Para quem não sabe, essa obra narra como a saga Harry Potter impactou a vida de alguns fãs. A Melissa Anelli, autora do livro, é jornalista, e creio que, por conta disso, essa obra contém uma das linguagens mais puras e claras que eu já li em um livro.

Recomendo para todos os fãs de Harry Potter.

06. Harry Potter and the Half-Blood Prince, por J.K. Rowling

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Sim, gente. Estou ciente de que a J.K. Rowling é transfóbica. Só nega isso quem é tão transfóbico quanto ela.

Mas, assim como seus personagens complexos, a J.K. também não é 100% má. Ela nos presentou com uma saga literária que abalou todo o mundo. Eu sinceramente não sei se estaria aqui hoje com um site, escrevendo um livro, amante da literatura, se não fosse por essa mulher.

Agora, passado o pano, é incrível como Harry Potter e o Príncipe Mestiço é o pior filme do universo Harry Potter, mas é o melhor livro – tudo isso baseado na minha opinião, obviamente.

Apesar de eu amar com todas as forças o Goblet of Fire e o Order of the Phoenix, o Príncipe Mestiço é o meu predileto devido ao tom que a autora trouxe no livro. Eu fico com o coração na mão a cada página, achando que a qualquer hora um personagem importante vai morrer, da mesma forma que aconteceu com personagem X no final do livro anterior.

Mas eu acho que foi com esse livro que eu aprendi a estratégia da J.K. durante toda a saga. Foi por meio das criaturas conhecidas como Inferi que eu entendi que, a cada obra, a J.K. expande seu universo e usa os elementos citados naquele livro como peça importante na narrativa. Foi assim com a pedra filosofal, as mandrágoras, o lobisomem e tantos outros.

Recomendo para todos aqueles que gostam de se aventurar em universos mágicos e fantásticos.

05. O Segredo do best-seller, por Jodie Archer e Matthew L. Jockers

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Embora seu principal objetivo seja mais apontar acertos do que ensiná-los, eu consegui absorver muita coisa do que li deste livro.

Ele é dividido em alguns capítulos que eu não poderei listar aqui pois, no momento em que redijo esse post, não estou com ele. Mas me lembro de assuntos como “tema”, “enredo”, “estilo”, “personagens” e “ritmo”.

Como o meu fundamento para amar um livro é o que consigo extrair do conteúdo para a minha vida, esse livro é, sem dúvidas, o meu livro de não ficção favorito. É claro que, se tratando de uma pesquisa norte-americana, o livro tem limitações, mas eu acredito que os ensinamentos desse livro vão me acompanhar por um longo tempo.

Ele me deu vontade de voltar à academia para estudar Escrita Criativa no mestrado, ainda que esse desejo tenha sido substituído por outro. A linguagem clara e um tanto prestativa realmente me motivou a estudar mais seriamente a literatura e compartilhar meu conhecimento com as pessoas, assim como eles fizeram esplendidamente bem, mesmo que didática não tenha sido o foco do livro, ao meu ver.

E o melhor de tudo: eu comprei esse livro nessas tendas de shopping que vendem exemplares por R$10. Quando o vi, todo despretensioso, foi amor à primeira vista, e fico extremamente feliz de ter ido ao shopping aquele dia.

Recomendo para todos os escritores ficcionais que desejam refinar e conscientizar a sua linguagem quanto a obras ficções. Pode ser que você não queira ter um best-seller, mas será que você está ciente da estrutura que compõe o seu estilo, as ações que dá às suas personagens, ou o título que apresenta a sua narrativa? Seja lá qual foi a resposta, recomendo, por meio dessa pesquisa, você checar o quão consciente você está!

04. A Clash of Kings – A Song of Ice and Fire, por George R. R. Martin

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Ainda me falta ler os dois últimos livros disponíveis das Crônicas de Gelo e Fogo, mas o segundo volume é o meu predileto por conta do estilo de George. É envolvente, é picante, é tudo de bom.

Sei que parece um tanto insuficiente e raso escrever apenas isso para uma posição tão alta, mas o livro é tão grosso de conteúdo e páginas que eu fico realmente perdido no que poder dizer mais. Mas quem explica o amor, não é mesmo?

Recomendo para todos aqueles que desejam se entreter com uma estória cheia de palavras muito bem pontuadas e personagens um tanto carismáticos.

03. Os Testamentos, por Margaret Atwood

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Assim como muita gente, eu só fui conhecer a Atwood por meio da série televisa “The Handmaid’s Tale”. Fui fisgado pela série e fui conferir o livro que serviu de base para todo o audiovisual. Achei a narrativa lenta. Estava esperando as reviravoltas e ações de alto nível que a série me proporcionou, mas, em vez disso, acompanhei uma aia bem mais mansa que a de Elisabeth Moss. O mesmo não aconteceu com a sequência “Os Testamentos”.

A narrativa se passa 16 anos após os acontecimentos que marcam o fim da segunda temporada da série, e é contada por meio da ótica de três personagens femininas. Irei dizer de antemão que uma dessas narradoras é a própria Tia Lydia.

Eu simplesmente ODEIO a Tia Lydia na série. O que eu gostaria de fazer com ela provavelmente me levaria preso, mas, as técnicas que a autora tem são tão boas e perspicazes que adivinhem só? Eu passei a gostar infinitamente da personagem no final da obra.

Além de personagens muito bem desenvolvidas, a autora quase me fez ter um treco a cada novo capítulo. É totalmente diferente da trama calma que é o já clássico O Conto da Aia. E é por isso que eu amo tanto essa narrativa – o poder que a autora tem de me deixar querendo morrer a cada página, preocupado com cada personagem… Isso é o poder que a literatura tem.

Recomendo para todos que gostam de ter emoção durante suas leituras.

02. Em Chamas – Saga Jogos Vorazes, por Suzanne Collins

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Bem, se você chegou até aqui, não é mais surpresa de que Jogos Vorazes é a minha saga literária favorita, e o segundo volume da série é o exemplo perfeito para demonstrar todo o meu amor pelo trabalho de Suzanne Collins.

Como disse anteriormente, gosto de tramas que realmente me emocionam, que me fazem querer gritar, querer socar algum personagem. E Em Chamas tem tudo isso. Tudo por meio das técnicas que Suzanne Collins é lembrada.

Ela é mestra em um recurso chamado cliffhanger, que é utilizado normalmente no fim de um episódio televisivo, ou um capítulo de livro. Acontece que nesse livro, Collins utiliza as palavras mais que apropriadas para nos fazer devorar a estória em menos de uma semana.

Ainda dentro de ônibus, eu me lembro de ler a cena em que todos os tributos seguram as suas mãos; ou a percepção de Katniss ao entrar na arena; ou ainda a sua reação ao ver Peeta levando um baita choque. Em exatamente TODAS essas cenas, eu fiquei extremamente arrepiado. E também extremamente agradecido por não precisar esconder essas reações em transporte público.

01. The Perks of Being a Wallflower, por Stephen Chbosky

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E, finalmente, o amor de toda a minha vida inteirinha: As Vantagens de Ser Invisível. O primeiro livro em língua inglesa a gente nunca esquece, né?

Mas não foi exatamente a língua que me faz amar tanto essa obra.

Para quem não sabe, As Vantagens de Ser Invisível traz cartas de Charlie para um amigo cuja identidade não fica explícita para nós leitores.

Sabemos, no início da trama, que seu então melhor amigo se suicidou, e a partir de então acompanhamos Charlie no ensino médio. Temos acesso ao seu relacionamento com amigos, familiares e seus dilemas.

À primeira vista uma trama adolescente, a narrativa de Stephen Chbosky vai muito além disso, trazendo ensinamentos filosóficos e temas complexos que me fariam obrigar cada escola a trabalhar com o livro, caso eu tivesse esse poder.

Como eu disse durante toda a lista, o que me faz amar um livro, é, no final de contas, o tanto de conhecimento e sabedoria que eu consigo extrair dele. E, apesar de não tratar de um livro de autoajuda, eu não sei outra estória que me ajudou tanto quanto essa.

Como me esquecer dos trechos “Nós aceitamos o amor que achamos merecer”, “Você não pode simplesmente colocar a vida das outras pessoas à frente da sua e achar que isso conta como amor”, e, a minha favorita de todos os tempos: “Não podemos escolher de onde viemos, mas podemos escolher para onde vamos”.

Eu sinto que há dois Douglas na minha vida: o pré-ThePerks e o pós-ThePerks, e os trechos destacados são a razão para esse impacto.

Eu falo sério quando digo que todo mundo deveria ler esse livro. Ajuda a desenvolver empatia, ou pelo menos funcionou para mim, que li a obra quatro vezes. Mas, pensado em público literário, eu acredito que seja para pessoas que amam um drama e que desejam filosofar o cotidiano, a vida, e até o universo.

Como deu para perceber, o único livro brasileiro do meu top10 é O Cortiço, justamente no último lugar. Mas, como eu disse, acho que essa lista de livros favoritos é dinâmica. O livro que li há mais tempo foi o The Perks of Being a Wallflower. Desde 2015, sinto a necessidade de lê-lo uma vez no ano. Os outros são todas leituras feitas no ano passado e esse ano.

Dito isso, eu espero que mais livros nacionais sejam adicionados à minha lista, uma vez que estou lendo livros contemporâneos brasileiros e participando de clubes de leituras brasileiras.

Apesar de formado em Letras Inglês, acho que o grande responsável por me fazer ler tanto literatura inglesa e norte-americana é o cinema internacional, que, de modo geral, sempre me atraiu. Consequentemente, eu fico instigado a saber da estória que deu origem a tantas franquias de sucesso.

E você, quais são seus livros prediletos? Já parou para pensar o porquê deles serem seus favoritos? E o que prevalece na sua leitura? Livros nacionais ou internacionais? Deixe-me saber, por meio dos comentários, os seus gostos literários!